Solos da Região Demarcada do Douro
O conhecimento dos solos de um território é essencial e fundamental para a identificação das suas potencialidades, limitações, riscos e ameaças a que está sujeito o recurso solo nas condições atuais ou perspetivadas de uso da terra.
O Alto Douro Vinhateiro é a mais antiga região demarcada e regulamentada do Mundo, datando as primeiras demarcações de 1756. A Região Demarcada do Douro (RDD) estende-se por cerca de 250 mil hectares ao longo do Vale do Rio Douro, dos quais 24.600 ha são abrangidos pelo estatuto de Património da Humanidade, outorgado pela UNESCO em 2001.
A morfologia da Região é acidentada e escarpada salientando-se: vales fortemente encaixados, com áreas aluvionares muito pouco representadas; vertentes muito declivosas e longas, de perfil retilíneo ou convexo; cumeadas aplanadas ou arredondadas, retalhos planálticos em regra de pequena extensão. A paisagem evidencia, pois, a importância da topografia enquanto fator decisivo na formação dos solos e do risco de erosão a que os mesmos estão sujeitos. O clima da RDD caracteriza-se, na sua maior parte, pela aridez mais marcada nos fundos de vale e em todo o Douro Superior. Caracterizando-se também pela intensidade das precipitações violentas, em episódios curtos e raros, mas de grande potencial erosivo.
Os xistos e os granitos são, maioritariamente e em sentido lato, os materiais originários dos solos desta Região cobrindo quase 90% da área, com influência muito nítida nas características dos solos, em particular na textura, na permeabilidade e na reação do solo.
Paisagem Duriense com armação do terreno em socalcos
estreitos e largos com cultura de vinha. Encostas
terraceadas no vale do Rio Torto.
Raizame de vinha em Antrossolo
surríbico desenvolvido em xisto.
Na RDD, de acordo com a Carta dos Solos do NE de Portugal (1991), salienta-se a dominância dos Leptossolos (60% da área) e a baixa representação de Cambissolos (12%), Fluvissolos (4%) e Regossolos (0,5%). Destacam-se, entre outros, os Antrossolos * (30%). Estes solos profundamente alterados pelo Homem, pela sua extensão e intrínseca ligação à cultura da vinha, são objeto particular de interesse no que se refere à evolução das técnicas de preparação e de armação do terreno, às características do perfil e à gestão sustentável do solo. Constituem o suporte fundamental da produção vitícola e da qualidade dos vinhos, enquanto desafios permanentes da viticultura duriense.
Comité de peritos para o Ano do Solo 2024: António Perdigão, Tomás Figueiredo e Manuela Abreu (coord.)
* NOTA:
A taxonomia de solos, tal como as de outros recursos naturais, também é objeto de revisões frequentes pela comunidade científica. A designação 'Antrossolos', aplicada aos solos em socalcos ou em terraços, aquando da elaboração da Carta de Solos de Trás-os-Montes e Alto Douro (1991), não seria hoje aplicada à grande maioria desses solos. De acordo com a revisão mais recente (2022) da classificação internacional World Reference Base for Soil Resources (abreviadamente WRB), esses solos são agora incluídos no grupo 'Regosols', ao qual é adicionado o qualificativo 'Escalic' (do espanhol escalera, escada). Atualmente também é recomendado que sejam usados os nomes originais da WRB, isto é, sem tradução para outras línguas ou alfabetos.
A Direção da SPCS.
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Comunicado de imprensa sobre o Solo do Ano 2024.